Fósforo na agricultura
Semelhante à minha última publicação sobre o nitrogénio (ou azoto), esta publicação é sobre outro nutriente muito importante para as plantas – o fósforo. Juntamente com o nitrogénio e o potássio, o fósforo é um importante nutriente para as plantas e é usado com muita frequência na agricultura, quer seja biológica ou convencional. Neste artigo, vou descrever brevemente a função do fósforo nas plantas e na agricultura, e também explicar como podemos usar este importante nutriente de forma sustentável.
Parte 1 – Qual é a função do fósforo nas plantas?
O fósforo desempenha um papel importante nos elementos estruturais, bem como na transferência de energia em todas as formas de vida [1]. Na molécula de DNA (e RNA), o fósforo liga as bases (nucleotídeos), cuja ordem define a função da proteína que é derivada. Nas membranas celulares, o fósforo faz parte dos chamados fosfolípidos. Estas são moléculas com um extremo hidrofóbico e outro hidrófilo. Esta propriedade contribui para a formação da bicamada lípidica que forma as membranas das células, permitindo o fluxo de diferentes concentrações de vários iões e moléculas para dentro e para fora da célula. Além destas funções estruturais, o fósforo tem um papel crucial na transferência de energia. Por exemplo, a síntese de amido é alimentada pelas moléculas de adenosintrifosfato (ATP). Mas esta molécula está também envolvida em muitas outras reações nas células, onde actua como a principal molécula para a transferência de energia.
Como o nome indica, o ATP contém uma cadeia de três grupos fosfato. Durante a transferência de energia, um grupo fosfato é quebrado, libertando energia que pode ser utilizada para a síntese de outros compostos (em plantas, principalmente o amido) ou para transportar moléculas (ou iões) através das membranas. O adenosindifosfato resultante (ADP) pode então ser reciclado para formar ATP novamente.
Nas sementes (por exemplo, em grãos, leguminosas), há outro composto que contém fósforo e que é utilizado para armazenar energia – o fitato. O fitato é o sal do ácido fítico e associa-se normalmente a iões de cálcio, magnésio e potássio. No entanto, o ácido fítico também tem uma alta afinidade pelo zinco e ferro (ou seja, liga-se a eles), o que contribui para a controvérsia em torno do ácido fítico na nutrição, uma vez que pode inibir a absorção destes micronutrientes [2]. No entanto, durante a germinação, o fósforo armazenado pode ser acedido devido à degradação do fitato pela enzima fitase. Isto também tem implicações práticas para a nutrição, uma vez que a ativação de sementes através da imersão (isto é, pôr sementes de molho em água durante algumas horas) reduz o conteúdo de fitato.
Esta foi apenas uma breve introdução a este tópico interessante, mas complexo. Fique atento às próximas partes onde irei abordar outras questões importantes sobre o fósforo!